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domingo, 10 de março de 2013

UM GAROTINHO


Dentro de mim existe um garotinho. Uma espécie de alter ego que se mistura a mim mesmo no cotidiano. Esse garotinho nasceu antes de mim mesmo, e permanecerá depois da morte de meu corpo.
É nesse garotinho, tão antigo, tão sonhador, que deixo parte do comando de minha vida.

Acredito que todos possuem um garoto desses dentro de si. Uma ligação com o que há de melhor e mais fantástico na vida. Uns deixam ele se manifestar, outros o escondem. Outros não o despertam de seu sono pueril. Acontece que durante algumas fases da vida, mesmo quando a vivacidade do garotinho é latente, nosso lado crescido, nosso lado idiotamente adulto, nos faz pensar em deixá-lo de lado um pouco. Muitos o fazem, e há certo risco nessa atitude. Risco de, nem tão cedo, encontrá-lo novamente. Parece que o mundo é contra esse reencontro. Estamos mais confortáveis ao lado das pessoas, quando esse garotinho sai para dar uma volta. Acho que o motivo disso, é que quase todos que se encontram nas ruas, nas escolas, no trabalho, não saem de casa com esse pequeno. Não é o meu caso.

 Onde está o seu garotinho sonhador?

 Desde pequeno agarrado aos contos de fadas, ao mundo animado e fantástico, eu permaneço, nos meus atuais 27 anos, acorrentado a esse mundo. Uma corrente que não precisa ser quebrada, mas sim, reforçada. Uma corrente que não é feita de metal, mas de um brilho intenso, às vezes dourado, às vezes prateado, que fortalece a minha relação com um mundo o qual tenho certeza que já fiz parte. Um mundo ao qual retornarei algum dia. 

A ambientação desse mundo "imaginário", muda com o passar dos tempos. Depende muito do que estou vendo, do que estou lendo, do que estou assistindo. É bem verdade que o mundo mágico dos mangás e animes (quadrinhos e desenhos japoneses) contribuem enormemente para a construção desse oásis imaterial no meio de uma realidade caótica. Mas não são os únicos.

 Um mundo diferente, apenas.

Em momentos distintos dos últimos dois anos, surgia em minha mente questões que eu não queria encarar. Um certo medo de pensar a respeito me afastava do pensamento sobre esse garotinho. Sobre sua existência. Acontece que ele é algo tão precioso, que me fugia a vontade de encarar tais reflexões. Ele não merecia a dúvida. Melhor que eu aguentasse toda e qualquer zoação, comentários, críticas e tudo o mais, do que pôr em xeque sua realidade utópica.

Há alguns anos, comecei a escrever um esboço de um livro cuja história, sem eu perceber, parece um pouco com a minha própria. Nunca terminei, provavelmente porque não podia terminá-la. Para escrevê-la eu tenho que ter certeza do que estou escrevendo, e minha idade ainda parece pouca para se ter certezas.

 Muitas vezes, escritores expõe os garotos que existem dentro deles em suas obras. Talvez a própria ideia do "garoto", seja apenas uma metáfora a mais. Como não consigo definir o que é ou quem é, chamo-o de "garotinho". Outros chamarão de consciência. Mas eu acho que há alguma pequena diferença entre eles, pois pareço ter a minha consciência, e o garotinho que vive em mim parece ter outra. Não podem ser exatamente os mesmos.

 "Todo homem traz dentro de si o menino que foi."

 Arrepia-me a sensação de ter encontrado uma resposta para meu modo de viver. Em meio a tantos "iguais", a tantos "adultos", a tanta "realidade", estou eu: diferente, criança e sonhador. Amanheço em um mundo onde tenho que, antes de sair de casa, vestir uma armadura espiritual poderosa, capaz de enfrentar os golpes do dia a dia sem afetar meu corpo ou minha mente. Caminho pelas ruas sentindo a maciez do ar, vez por outra de olhos fechados, tendo cuidado ao atravessar a rua, pois sei que a realidade dos outros pode me afetar fisicamente. Imagino animais inexistentes sobrevoando os ares, auras negativas de pessoas duras e troco sorrisos com os que são meus. Com os que, aparentemente, possuem potencial para despertar o garotinho dentro de si mesmos.

Antes de dormir, invoco os poderes dos seres de Luz que vagam pelo cosmos, e tento proteger o sono de tantos com essa luz. Talvez para isso ela tenha sido criada. Divago por mundos nunca dantes divagados, e por outros, onde os reencontros são certos para os que são amigos de outrora. Mas deste último, não me vem nenhuma lembrança. Talvez seja permitido apenas ao garotinho, não a mim. Ele é melhor do que eu. A ele pertence as costas que um dia eu devo alcançar.

E este é um pouco de mim mesmo. Como diz uma frase que li por aí, "não sou um corpo com uma alma. Mas uma alma, com um corpo!". E nada me parece agora tão correto, quanto a vida mágica que levo. Quanto a existência desse gatotinho...

Dedico a postagem ao Garotinho que vive em mim.
Postagem inspirada no anime: chuunibyou demo koi ga shitai!

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