O mundo fantástico me encanta
desde muito cedo. Cresci acreditando que a guerra do Bem contra o Mal é real, e
acredito que o mundo tem muito mais de mágico do que as pessoas imaginam. Sou
fã de séries como Harry Potter, O Senhor dos Anéis, e outras literaturas
fantásticas. Faz parte de meus objetivos e sonhos, também criar um mundo
fantástico que possa despertar o interesse, a curiosidade, a emoção dos
leitores e que, de quebra, ainda possa passar alguma mensagem positiva. Depois
de algumas conversas com uma escritora, chamada Renata Ventura, decidi que devo
correr atrás de meu sonho.
A
Arma Escarlate me foi apresentada por um aluno, o Paulo. Falou-me muito bem da
obra e depois de alguns meses (já depois de algumas conversas com a Renata),
comprei o livro (acho que um mês atrás). Hoje terminei de lê-lo e vamos às
minhas humildes considerações.
O
livro é ótimo! Tendo em vista que Renata foi bastante influenciada pelo
Universo Potteriano, sua obra consegue fisgar a essência da coisa, ao mesmo
tempo em que confere toda uma característica particular à obra. Percebemos a
influência nas entrelinhas, nas menções à Hogwarts, a mitos e lendas, mas tudo
isso de uma maneira muito própria. Isso é um ponto muito positivo!
Acho
que quase todos os leitores de Harry Potter, em todo o mundo, devem ter
imaginado como seria uma escola de Magia e Bruxaria em seu próprio país.
Entretanto, poucos devem ter sido tão ousados quanto Renata Ventura. Ela não
imaginou um ambiente totalmente fora de nossa realidade. Mesmo que sendo de Bruxaria,
Nossa Senhora do Korkovado é uma escola brasileira, e, como tal, possui
problemas bem típicos.
Renata Ventura, autora.
Como
se não bastassem os problemas da realidade educacional no país, vários
problemas sociais graves são abordados no livro, como o preconceito, as drogas,
o tráfico... A história começa justamente em uma favela (Dona Marta) do RJ, nos
idos finais da década de 1990, e o personagem principal, Hugo Escarlate, não se
encaixa muito bem na posição do herói. Ao contrário... talvez eu seja um dos
únicos a pensar assim, mas eu não gosto do Hugo! Não gosto de sua
personalidade, não gosto de suas atitudes, não gosto de suas decisões e não
gosto de como ele costuma tratar os colegas e amigos. Se fosse alguém de carne
e osso, provavelmente não é o tipo de pessoa a quem eu procuraria uma amizade.
Isso é ruim? Não! Isso é a prova de um personagem bem construído. Consigo quase
vê-lo, escutar sua voz e até prever algumas de suas atitudes, de tão real que
ele me parece! Às vezes sentia até raiva pelo Hugo e reitero: não gosto dele!
Apesar
do personagem principal não ser de meu agrado, tenho quase certeza (pela minha
experiência no mundo fantástico (isso inclui animes e mangás), que o personagem
será lapidado para tornar-se, de fato, um herói. Posso estar errado, mas acho que
é dessa forma que o livro evoluirá. A Renata terá um grande desafio pela
frente, pois não pode ficar forçado. A personalidade do Hugo é muito forte para
ser modificada de qualquer jeito. Tem que ser convincente! Até o momento, está
agindo de forma interessante, pois percebemos uma leve alteração na
personalidade do garoto, mas ainda de leve.
A
história evolui, da metade para o fim, de forma muito interessante. Você vai
querendo ler cada vez mais rápido e se vê preso à leitura. Tive que parar de
ler em alguns momentos, pois me pegava já com a vista cansada e sem assimilar
tudo como deveria. Era hora de parar e esperar o outro dia! Entretanto, essa
empolgação toda veio, como disse, mais a partir do meio da história.
Não
sei quantos livros a Saga terá, mas já dá pra imaginar o quanto alguns
personagens ali podem ser ainda muito bem aproveitados e como podem evoluir
bastante ao longo dos anos escolares. Já imagino quem serão os principais
rivais, os amigos mais leais... Mas só imagino. Se tem uma coisa que gosto em
um autor, é a sua capacidade de surpreender. A Renata tem um pouco dessa
característica, mas, por enquanto, baseando-me apenas nesse primeiro livro,
senti falta de algo que gosto muito na literatura fantástica... Uma das paixões
que me leva a querer escrever, é a chance de mexer com o sentimento dos
leitores, e gosto de fazer isso da forma mais brutal possível: Morte! Eu
realmente esperava que um ou outro personagem partisse dessa para melhor. Sei
que há mortes no livro e o que eu escrevo não chega a ser um defeito, não
podemos moldar a maneira de escrever dos outros, senão não seria deles! ;) Mas
quando vocês forem ler alguma obra minha, podem esperar morte! Hahahhaha
Enfim,
considero um livro bom (falando dos que possuem ou possuirão continuação)
quando tenho vontade de ler o próximo livro. De saber um pouco mais sobre os
personagens que o compõe, e posso garantir que A ARMA ESCARLATE conseguiu isso
comigo. Houve momentos que não estava muito empolgado (principalmente na
chegada de Hugo à Korkovado), mas os momentos memoráveis superaram, e muito,
essas pequenas partes. Para mim, a cena mais linda que consegui imaginar e
recriar em minha mente, foi a conversa de Capí e Hugo depois do primeiro
encontro do Clube das Luzes. Absolutamente lindo e bem escrito! É a minha cena
preferida! Gosto de imaginar também a cena da briga dos traficantes VS Pixies
numa telona de cinema!
Concluo
dizendo que o livro foi ousado! Lembro de conversar com um ou outro amigo
dizendo: pô, o garoto ta vendendo cocaína dentro da escola! Ficava me
perguntando como ele iria sair daquela. Torci para ele sofrer alguma
consequência mais grave. E uma das únicas coisas que eu teria feito diferente
no livro (isso não é uma crítica, muito menos negativa, é só exercitando o meu
lado de escritor, hehehehehe), seria no último capítulo. O placar dos Pixies e
Anjos estaria empatado, e com uma atitude final do Hugo pra cima do Abelardo, o
placar marcaria o desempate... ou seja: Hugo agora é um deles!
Obrigado Renata! Não só por me incentivar a escrever em nossas conversas pela madrugada, mas por me apresentar a esse mundo fantástico tão... brasileiro! Que venha o segundo livro! Já estou ansioso!
Vale a pena a leitura, para quem gosta do estilo!