Cuidado com os discursos de quem acha completo absurdo a decisão da justiça de não zerar redações do ENEM que sejam contrárias ao que se entende hoje como "Direitos Humanos".
Parte da sociedade brasileira, que parece repudiar o ato de pensar e raciocinar, tenta empurrar goela abaixo a sua visão de que apenas o que ela considera "certo" é o certo! O que a decisão do desembargador fez foi retirar essa hegemonia de pensamento de determinados grupos comprometidos ideologicamente e dar voz às pessoas que pensam diferente com ARGUMENTOS ou não, sobre determinados assuntos.
O fato de estarmos à mercê de corretores que podem ser (em vários casos são) comprometidos ideologicamente, faz com que as pessoas se sintam freadas em dar suas opiniões ainda que seja baseada em bons argumentos. Opiniões que fogem do padrão "Politicamente Correto" dos tempos em que vivemos.
O fato de alguém defender, por exemplo, a pena de morte para determinados crimes, estaria infringindo os "Direitos Humanos". Mas será que essa é a única forma de pensar? Será que não existem, por exemplo, países democráticos pelo mundo que adotam pena de morte para casos específicos?
E se alguém quiser utilizar, por exemplo, em sua redação, um argumento baseado em uma pessoa cuja imagem costuma ser desproporcionalmente combatida pela imprensa por não ser "politicamente correta"? Se alguém citar, por qualquer tema cabível, o Jair Bolsonaro, e pegar como corretor alguém que considera que o discurso do deputado viola os Direitos Humanos. O estudante teria sua redação ZERADA porque o corretor considera o deputado um "fascista", "nazista", "racista", "homofóbico", dentre outras ofensas, fazendo com que o aluno estivesse apoiando discursos ligados a essas características. Isso seria justo? Por utilizar um argumento que venha do deputado citado, ele estaria sendo tudo isso mencionado? Caberia, inclusive, a discussão se o próprio deputado seria tudo isso que foi dito. Ou não caberia discussão? Por que não caberia discussão?
A situação piora (e só comprova o argumento aqui), quando a defesa de pautas que não sejam consideradas politicamente incorretas acontece. Será que alguém teria a sua redação ZERADA por usar Nicolás Maduro e seu governo como argumento favorável a alguma coisa? Ou talvez nos Cem Anos da Revolução Russa, argumentar sobre os benefícios que a Revolução trouxe ao mundo? Talvez utilizar Mao Tsé-Tung, Fidel Castro ou Che Guevara, lhe dê uns pontinhos a mais pelo "argumento de autoridade" levantado no texto ao falar de democracia, luta pelos direitos do povo, ou coisa parecida. Talvez enaltecer a Revolução Francesa e os jacobinos, consigam demonstrar ao corretor como você entende a "essência" da democracia, vindo de uma revolução tão "democrática" e bela, como a Francesa.
Mas como será a reação do corretor, se os argumentos vierem baseados em pessoas como Olavo de Carvalho, Donald Trump, Emílio Medici ou um Bolsonaro da vida?
"Com certeza" todos eles estariam ligados ao desrespeito à democracia ou aos direitos humanos, não?
As pessoas, muitas vezes, não conseguem "sair da caixa" e enxergar que essa ENGANAÇÃO da mídia e das pessoas de que agora qualquer um pode defender um fuzilamento de pessoas e pode tirar nota boa na redação, seja mais uma forma de tentar manter a mente das outras pessoas presas a uma mensagem ideologicamente comprometida com o politicamente correto do que uma real preocupação com "ferir os Direitos Humanos", estão fadadas a repetir feito papagaios uma ideia frágil de democracia. Na verdade, a "democracia" deles.
Em 2005, no vestibular da UFRN, o tema da redação foi o plebiscito sobre o desarmamento. Você deveria escolher se era contrário ou favorável ao estatuto. Na época, ainda se dava essa possibilidade de você argumentar o contrário do que o politicamente correto adota, mas, mesmo assim, muita gente se sentia mais confortável em escrever a favor do desarmamento, mesmo sendo (e votando naquele ano) contrário. Foi o meu caso. E não deveria ser assim!
Encerro ALERTANDO a todos aqueles que escutam discursos enraivecidos e/ou completamente indignados acerca da decisão do desembargador. Cuidado! A pior coisa para essas pessoas é que vocês ganhem INDEPENDÊNCIA de pensamento! Enquanto você reproduz o que ELES consideram correto, vocês serão elogiados, aplaudidos, e considerados "maduros" e intelectuais. Se você DISCORDA do que eles defendem, na maioria dos casos será rotulado com aquelas mesmas baboseiras de sempre, às vezes utilizando expressões que nem definir eles sabem!