por Jean Baptiste Debret.
“Ter sempre o espírito jovem!”, já dizia alguém que nada entendia de espíritos, pois esqueceu-se de especificar de que tipo de jovem estava falando. Ou não entendia de jovens.
Na Semana da Pátria, em setembro, assistia a um desfile na Praça Pedro Velho. Homens e mulheres, cidadãos da terra, do céu e do mar estavam ali. Impecáveis. Como se fossem estátuas de mármore da Grécia Antiga, mas restauradas e com um público menos interessado em sua beleza.
A banda da Marinha começou a tocar e tímida manifestação de aplausos foi ouvida. Não sentida. Alguns mais velhos assistiam ao desfile. Algumas crianças, que com a pureza que lhes é peculiar, admiravam. Como não entender o real significado disso tudo apenas dividindo a atenção entre o desfile e as crianças? Mas o significado não foi entendido. Não pelos jovens presentes.
Em meio a melodia do Hino Nacional, jovens conversavam avulsamente. Um que outro ficou em silêncio, parecendo ser o máximo de respeito que conseguia demonstrar.
Lentamente a flâmula nacional era erguida, incólume, ao lado das do Estado e da cidade. Muitos nem sabiam que bandeira era a última.
A Semana foi declarada aberta pelo vice-governador. Não foi aplaudido.
A atleta olímpica trouxe a chama da Pátria, resistente a tantos banhos d’água fria. Não foi aplaudida.
Apenas percebi o entusiasmo de uma senhora que cantarolava a nova melodia tocada, e seu neto, ainda bebê. Dois representantes verdadeiros da Pátria. Estavam a meu lado, mas não quis perguntar-lhe os nomes. Não havia necessidade. Naquele instante eles eram representantes, não de suas individualidades, mas de um coletivo cada vez menor, mas que resiste. Os jovens faziam piadas.
O momento pelo qual passamos é difícil. Os mais velhos, em algum tempo ir-se-ão. As crianças, se não tivermos cuidado, terão espíritos jovens (no sentido que atualmente lhe atribuo). E o que restará da verdadeira Pátria? Páginas mal contadas em livros de História tendenciosos.
A egrégora não morrerá, pois ela nunca morre. Mas estará em algum lugar inacessível. De que adiantará?
A emoção que sinto agora é menos pela beleza do desfile (e o desfile é belo) do que pelo descaso da juventude.
Jovens caçoam, ao meu lado, da Polícia Militar. Alguns dos militares pareciam envergonhados. Resultado arrebatador do desrespeito à Nação. Escrevo isso enquanto desfila o Corpo de Bombeiros. Um dos rapazes estava descompassado, mas logo tratou de entrar no ritmo.
Sim. Crianças e idosos, o futuro da Nação. Os últimos já com as pernas cansadas, mas ainda permanecendo de pé, pois entendem o que parece incompreensível para uma geração que entende tudo de mais fútil. As crianças também não entendem. Mas não entendem da forma mais bonita possível.
Manter o espírito jovem? Não, obrigado!
Há uma máxima que utilizarei com uma pequena modificação, mas necessária: Não se faz mais jovens como antigamente.
Termino aqui este breve escrito, na esperança que a egrégora da Pátria (que nada tem haver com sua situação política, econômica e muito menos futebolística – ela é bem superior a tudo isso – e sim com a Glória, Orgulho e Hombridade de todos que por ela viveram e vivem) não seja lembrada apenas uma semana por ano.
Natal, Rio Grande do Norte.
01 de setembro de 2008.
Assina: Rodrigo Cavalcanti Felipe,
Na Semana da Pátria, em setembro, assistia a um desfile na Praça Pedro Velho. Homens e mulheres, cidadãos da terra, do céu e do mar estavam ali. Impecáveis. Como se fossem estátuas de mármore da Grécia Antiga, mas restauradas e com um público menos interessado em sua beleza.
A banda da Marinha começou a tocar e tímida manifestação de aplausos foi ouvida. Não sentida. Alguns mais velhos assistiam ao desfile. Algumas crianças, que com a pureza que lhes é peculiar, admiravam. Como não entender o real significado disso tudo apenas dividindo a atenção entre o desfile e as crianças? Mas o significado não foi entendido. Não pelos jovens presentes.
Em meio a melodia do Hino Nacional, jovens conversavam avulsamente. Um que outro ficou em silêncio, parecendo ser o máximo de respeito que conseguia demonstrar.
Lentamente a flâmula nacional era erguida, incólume, ao lado das do Estado e da cidade. Muitos nem sabiam que bandeira era a última.
A Semana foi declarada aberta pelo vice-governador. Não foi aplaudido.
A atleta olímpica trouxe a chama da Pátria, resistente a tantos banhos d’água fria. Não foi aplaudida.
Apenas percebi o entusiasmo de uma senhora que cantarolava a nova melodia tocada, e seu neto, ainda bebê. Dois representantes verdadeiros da Pátria. Estavam a meu lado, mas não quis perguntar-lhe os nomes. Não havia necessidade. Naquele instante eles eram representantes, não de suas individualidades, mas de um coletivo cada vez menor, mas que resiste. Os jovens faziam piadas.
O momento pelo qual passamos é difícil. Os mais velhos, em algum tempo ir-se-ão. As crianças, se não tivermos cuidado, terão espíritos jovens (no sentido que atualmente lhe atribuo). E o que restará da verdadeira Pátria? Páginas mal contadas em livros de História tendenciosos.
A egrégora não morrerá, pois ela nunca morre. Mas estará em algum lugar inacessível. De que adiantará?
A emoção que sinto agora é menos pela beleza do desfile (e o desfile é belo) do que pelo descaso da juventude.
Jovens caçoam, ao meu lado, da Polícia Militar. Alguns dos militares pareciam envergonhados. Resultado arrebatador do desrespeito à Nação. Escrevo isso enquanto desfila o Corpo de Bombeiros. Um dos rapazes estava descompassado, mas logo tratou de entrar no ritmo.
Sim. Crianças e idosos, o futuro da Nação. Os últimos já com as pernas cansadas, mas ainda permanecendo de pé, pois entendem o que parece incompreensível para uma geração que entende tudo de mais fútil. As crianças também não entendem. Mas não entendem da forma mais bonita possível.
Manter o espírito jovem? Não, obrigado!
Há uma máxima que utilizarei com uma pequena modificação, mas necessária: Não se faz mais jovens como antigamente.
Termino aqui este breve escrito, na esperança que a egrégora da Pátria (que nada tem haver com sua situação política, econômica e muito menos futebolística – ela é bem superior a tudo isso – e sim com a Glória, Orgulho e Hombridade de todos que por ela viveram e vivem) não seja lembrada apenas uma semana por ano.
Natal, Rio Grande do Norte.
01 de setembro de 2008.
Assina: Rodrigo Cavalcanti Felipe,
jovem (com espírito velho e rabugento) de 22 anos.
PS: O texto foi escrito na abertura da Semana da Pátria de 2008 e postado no blog: http://ofiodakatana.blogspot.com
D. PEDRO I, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.
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