A palavra "Samhain" significa "fim de verão" e deriva de duas palavras "samh",verão, e "fuin", fim. O mês de Novembro é chamado em Irlandês de "Mí na Samhain".
Ao que me consta, lê-se "Souén" e é a virada de ano dos antigos Celtas.
Os Celtas foram povos que viveram na Europa há milhares de anos, contudo, suas origens são controversas. Englobavam grupos distintos e parecem ser uma fusão de culturas e etnias distintas. Os grupos migratórios que deram origem aos povos celtas do noroeste europeu teriam saído da costa atlântica da península Ibérica, nos finais da última Idade do Gelo, e ocupado as terras recém libertadas da cobertura glacial no noroeste europeu, expandindo-se depois para as áreas continentais mais distantes do mar.
Segue um mapa ilustrativo:
A área verde na imagem sugere a possível extensão da área (proto-)céltica por volta de 1.000 a.C. A área laranja indica a região de nascimento da cultura La Tène e a área vermelha indica a possível região sob influência céltica por volta de 400 a.C. Vestígios associados à cultura celta remontam a pelo menos 800 a.C., no sul da Alemanha e no oeste dos Alpes. Todavia, é muito provável que o grupo étnico celta já estivesse presente na Europa Central há centenas ou milhares de anos antes desse período.
Voltando ao Samhain, ele marca o fim do ano antigo e o início do novo ano! Os Celtas tinham apenas duas estações do ano: inverno e verão. E o Samhain iniciava, justamente, o inverno para esse povo. O verão é celebrado no festival de Beltane.
Segundo autores, tanto o Halloween (famoso Dia das Bruxas), como o Dia de Finados, podem ser associados ao Sanhaim, pois essa celebração era a época em que acreditava-se que as almas dos mortos retornavam a casa para visitar os familiares, buscar alimento e se aquecer no fogo da lareira.
Alguns autores acham que não existe nenhuma evidência que relacione o Samahin com o culto dos mortos e que esta crença se popularizou no século XIX. Segundo o relato das antigas sagas, o Samhain era a época em que as tribos pagavam tributo se tivessem sido conquistadas por outro povo. Era também a época em que o Sídhe (palavra irlandesa e escocesa que se referia inicialmente a colinotas ou montes de terra, os quais se imaginava como o lar de um povo sobrenatural vinculado às fadas e elfos de outras tradições, e posteriormente, a estes próprios habitantes) deixava antever o outro mundo. O fé-fiada, o nevoeiro mágico que deixava as pessoas invisíveis, dispersava no Samhain e os elfos podiam ser vistos pelos humanos. A fronteira entre o Outro Mundo e o mundo real desaparecia. Uma das datas do calendário lunar celta de Coligny pode ser associada ao Samhain. No 17º dia do mês lunar Samon, a referência trinox Samoni sindiu é interpretada como a data da celebração do Samhain ou do solstício de Verão entre os Gauleses.
Este é igualmente um dos oito sabbats (Os oito Sabbats, celebrados a cada ano pelos Bruxos se originam nos antigos rituais que celebravam a passagem do ano de acordo com as estações do ano, épocas de colheita e lactação de animais) com maior relevância, pois é a noite em que o caos primordial retorna para o início do novo ano, é por isso a noite em que o mundo dos vivos se mistura com o dos mortos, sendo deste modo a melhor altura para contactar os mortos. Os Celtas não acreditavam em demônios, mas determinadas entidades mágicas eram consideradas hostis para os humanos, seus animais e colheitas. Deste modo muitas pessoas pregavam partidas aos seus vizinhos, desde trocar os gados, por figuras humanóides em locais para assustar, ao qual se tornou muito famosa a Jack o'Lantern ou a famosa abóbora iluminada de Halloween.
É uma festa associada ao ciclo anual do sol que faz parte do Patrimônio Imaterial Galego-Português. A recuperação da tradição do Samhain envolve várias escolas que promovem atividades que, por sua vez, são inseridas na promoção da candidatura a Patrimônio Imaterial. Diversas aldeias na Galiza começaram a recuperar as celebrações apoiadas pela recolha de testemunhos e documentos sobre as antigas tradições locais.
No Sanhaim do ano passado, comemorei junto a alguns amigos em memórias das tradições celtas. Como trabalho com arqueologia, acho importantíssimo a recuperação de culturas antigas. E gosto de pensar que, onde quer que estejam, esses povos mágicos sentiram-se agradecidos pela lembrança. Para finalizar, segue abaixo o poema que escrevi um ano atrás para a noite de celebração:
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Samhain
Viva chama que arde de pé
Levando-a para longe de meus braços
Sê minha luz, a mensageira da fé
Frente às deusas, donas de meus acasos.
Sê a mudança do escuro para o claro
Para que sob teu embalo, possa eu também dormir
E que ao acordar noutras estações, te encontre ao meu lado
Cuidando da abundância das colheitas do porvir.
Mas por hora, sinto-me feliz
Sabendo que a vida está começando
E que um funeral é nada mais que um ponto de partida.
Um reinício que me põe de volta à Matriz
E que ao leve soar das harpas e banjos
Viva chama que arde de pé
Levando-a para longe de meus braços
Sê minha luz, a mensageira da fé
Frente às deusas, donas de meus acasos.
Sê a mudança do escuro para o claro
Para que sob teu embalo, possa eu também dormir
E que ao acordar noutras estações, te encontre ao meu lado
Cuidando da abundância das colheitas do porvir.
Mas por hora, sinto-me feliz
Sabendo que a vida está começando
E que um funeral é nada mais que um ponto de partida.
Um reinício que me põe de volta à Matriz
E que ao leve soar das harpas e banjos
Minhas deusas terão tratado minhas feridas.
Muito boa essa postagem, Rodrigo. Você foi longe dessa vez, hein? hehe...
ResponderExcluirConcordo plenamente com você quando fala da importância de recuperar as culturas antigas. Afinal, somos historiadores... hehe...
=D*