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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

LOS HERMANOS

A banda brasileira de rock alternativo, Los Hermanos, começou com Marcelo Camelo (voz e guitarra) e Rodrigo Barba (bateria) no Rio de Janeiro, em 1997. Mais tarde, entraram Rodrigo Amarante (flauta e voz), Patrick Laplan (baixo) e Bruno Medina (teclados) para completar a formação. Todos eles eram estudantes universitários da PUC-RJ.


Em 1998, gravaram as primeiras fitas demo da carreira, “Amor e Folia” e “Chora”, de forma independente. Logo, foram convidados a participar de um festival de música alternativa do Rio de Janeiro chamado Superdemo. As coisas começaram a acontecer para a banda quando um dos organizadores da Abril Pro Rock, Paulo André, teve acesso a uma das fitas e convidou a banda para tocar no festival.

O Los Hermanos dividiu o palco com Marcelo D2, Arnaldo Antunes e Sepultura sem ficar devendo, tornando-se a grande revelação do festival. A repercussão obtida com a apresentação deu origem ao contrato com a Abril Music e ao primeiro disco, auto-intitulado, lançado em 1999.
Los Hermanos - 1999

Do álbum de estreia, logo saiu o primeiro single e grande sucesso “Anna Julia”, vencedora do prêmio Multishow na categoria Melhor Composição, em 2000. A música passa a ser tocada por todo Brasil, e a banda que já era conhecida no cenário independente, passa a ser idolatrada pelo público de todo país.

O segundo álbum veio em 2001 sob o título de “Bloco do Eu Sozinho”, sem a participação de Patrick, que deixara a banda. Deste disco, quase todas as músicas foram compostas por Marcelo Camelo. Destacam-se os singles “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, “Fingi na Hora Rir” e “Sentimental”, esta composta por Rodrigo Amarante.
Bloco do Eu Sozinho - 2001
Um ano depois, o grupo lança o DVD “Luau MTV”, com alguns dos hits antigos gravados de forma desplugada. Em 2003, durante o caos vivido pela gravadora da banda, que encerrou as atividades no mesmo ano, é gravado o terceiro disco, “Ventura”.
Lual MTV Los Hermanos - 2002
O título deste álbum, segundo a banda, tenta passar a idéia de que ele é aquilo que se sente e o que a banda é, refletindo a fase pela qual os integrantes passavam no momento. As músicas de trabalho foram “Cara Estranho”, “O Vencedor” e “Último Romance”.
Ventura - 2003

No ano de 2005, os fãs podem conferir mais um disco da banda, “4”. O nome representa o número de álbuns de estúdio e o número dos integrantes do grupo, além de retratar a simplicidade encontrada durante as faixas do trabalho. As músicas “O Vento”, “Morena”, Melhor Vídeo Clipe de MPB (VMB 2006), e “Condicional” foram os singles deste disco.
4 - 2005


Pois bem, caros amigos do Blog, após as letras de Renato Russo e a eterna Legião Urbana, é Los Hermanos quem considero uma banda de respeito com letras construtivas, poéticas e que nos faz pensar. Muitas vezes com um tom melancólico, é bem verdade, contudo, muitas vezes verdadiro. Músicas como: De Onde Vem a Calma; Tenha Dó; Descoberta; Lágrimas Sofridas; Mais Uma Canção; Casa Pré-Fabricada; Além do Que Se Vê e O Vento, são letras belíssimas que não se encontra em qualquer banda, principalmente atualmente.

Lembro de ouvir a primeira vez Los Hermanos quando estava indo para o colégio, 6ª série, quando um colega que ia na besta colocou a "fita" com a música Anna Júlia. Ninguém gostou. Em pouco tempo foi febre nacional. Meu amigo Miguel foi quem, já no Ensino Médio, me reapresentou a banda, e a ele devo deixar registrado meu agradecimento! ^ ^

Bem, espero que tenham a oportunidade de ouvir algo desta maravilhosa banda! Baixem alguma dessas músicas citadas acima. A saber, a banda está, já há alguns anos, em "recesso" indeterminado. Farão agora três shows (Recife, Fortaleza e Salvador) em outubro e continuam sem previsão de volta! Só sei de uma coisa: 15 de outubro estarei em Recife acompanhando este show! Espero que dê tudo certo. Ingresso eu já tenho (Valeu Glêdys, te amo)!!!


Segue alguns links do YouTube para conhecerem um pouco mais da banda:



http://www.youtube.com/watch?v=zoCCssAajyA  - De Onde Vem a Calma (Ao vivo - foi minha música preferida por anos...)


sábado, 21 de agosto de 2010

A MALDIÇÃO DE CASSANDRA







Cassandra é uma personagem da mitologia grega, filha do rei Príamo e da rainha Hécuba de Tróia. A mitologia grega conta-nos como quando Cassandra e o seu irmão gêmeo, Heleno, ainda crianças, foram brincar para o Templo de Apolo. Os gêmeos brincaram até ficar demasiado tarde para voltarem para casa, e assim, foi-lhes arranjada uma cama no interior do templo. Na manhã seguinte, a ama encontrou as crianças ainda a dormir, enquanto duas serpentes passavam a língua pelas suas orelhas. A ama ficou aterrorizada, mas as crianças estavam ilesas. Como resultado do incidente os ouvidos dos gêmeos tornaram-se tão sensíveis que lhes permitiam escutar as vozes dos deuses.

Cassandra tornou-se uma jovem de magnífica beleza, devota servidora de Apolo. Foi de tal maneira dedicada que o próprio Deus se apaixonou por ela e ensinou-lhe os segredos da profecia. Cassandra tornou-se uma profetisa, mas quando se negou a dormir com Apolo, ele, por vingança, lançou-lhe a maldição de que ninguém jamais viesse a acreditar nas suas profecias ou previsões.

Cassandra passa então a ser frequentemente considerada como louca ao tentar comunicar à população troiana as suas inúmeras previsões de catástrofe e desgraça. A gravidade da incredibilidade das previsões e profecias de Cassandra levaram à queda e consequente destruição de Tróia, quando esta viu frustradas as suas sucessivas tentativas de implorar a Príamo que este destruísse o cavalo de madeira (Cavalo de Tróia) divisado por Ulisses para a conquista de Tróia pelo seu interior.

Pois bem caros leitores, temo que o Brasil esteja sofrendo desta maldição. Há tantas Cassandras por aí que mostram com todas as letras o que acontecerá se Dilma assumir a presidência deste país, mas a maior parte das pessoas insistem em chamá-los de loucos. Dizer que a candidata matou, sequestrou, assaltou bancos, etc, parece não fazer efeito algum. Cheguei a ler alguns comentários na internet de pessoas que diziam que agora é que iam votar nela, pois ela é batalhadora! Se isso não for a Maldição de Cassandra que resolveu cobrir o território nacional, não sei o que pode ser... Ela não é apenas batalhadora, ela é ASSASSINA! ASSALTANTE! As pessoas não percebem isso? Se José Serra é um bom candidato, eu não sei! Não confio muito em políticos, mas que sem dúvida fará um estrago muito menor do que a Dilma, isso fará! Ao menos o Serra tem o respaldo de haver sido prefeito, governador, deputado constituinte, deputado federal e senador. Governar o estado que possui a maior cidade da América Latina (São Paulo) e fazer um bom governo... Nada disso conta? A candidata do PT NUNCA foi eleita a nenhum cargo político!

Ficha Criminal da Dilma
"O Brasil se transformará em uma nova Venezuela!"
Isso é certo como 1 + 1 = 2! A censura às redes de televisão, e outros meios de comunicação está até prevista no PNDH (Programa Nacional de Desenvolvimento Humano), mas claro que com outras palavras. Veja o que pensa o Sr. Ives Granda Martins, um dos mais conceituados juristas no mundo, autor de mais de 300 livros de Direito e com obras publicadas em 19 países: http://www.youtube.com/watch?v=cgCPfpW-nMo .

"Meu coração está com Dilma!"
(Hugo Chávez, ditador venezuelano)
Prova de que a censura já está por aí é só perguntar a Boris Casoy, Arnaldo Jabor ou até aos comediantes, como é o caso do Casseta Marcelo Madureira:
http://www.youtube.com/watch?v=9oDw1L6i0E0&feature=player_embedded .


Mas parece a maldição de Cassandra vai continuar. Infelizmente não tenho suporte financeiro para sair do país e passar um tempinho no exterior caso a Bandilma vença as eleições, pois essa era a minha vontade (egoísta, admito). Mas para a infelicidade deles, estarei de prontidão para ajudar quando a máscara cair e o povo brasileiro acordar para a realidade!
Fica aqui mais algumas dicas de links relacionados:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI163155-15223,00-DILMA+NA+LUTA+ARMADA.html - Reportagem da Revista Época sobre o passado da candidata).
http://www.youtube.com/watch?v=GNtUe76SYBM - Um pouco mais sobre a candidata (coisa que você não verá em seu horário eleitoral).
Sem falar nas ligações do PT com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), grupo que o Governo petista diz não ser terrorista. Veja os links:
Até breve, meus amigos!
Que Deus acabe com a Maldição de Cassandra, presente na vida dos brasileiros!

sábado, 14 de agosto de 2010

CONTO #1 - A PRACINHA




Ele estava sentado ali, em um dos vários bancos azuis que cercava a pequena praça. Tudo parecia calmo: o vento soprava lentamente, os carros estavam quietos no estacionamento ao redor da pracinha, as árvores deixavam cair seus pequenos frutos já maduros, colocando outro tom de cor no chão, nas mesas, nos bancos... Tudo estava calmo. A tranquilidade do jovem era tamanha que demorou um pouco a perceber que o vento, agora, soprava mais forte que de costume. Tudo estava calmo... até demais.
A poeira arrastada pelo ar começou a castigar suas pernas e ele usou seu livro como escudo para seu rosto. Curiosamente não havia mais ninguém na praça. A revoada dos pássaros foi também o último barulho que fizeram. Estava difícil se equilibrar, mesmo estando sentado, por causa da força do vento. O garoto estremeceu. Algo estava muito errado naquele instante e ele não podia abrir seus olhos, pois a ventania, juntamente com a areia do local, fez com que ele se sentisse em meio a uma tempestade de areia em pleno deserto do Saara. É claro que ele nunca tinha estado no deserto do Saara, mas ele teve a certeza absoluta que se lá estivesse, teria sido do mesmo jeito.
Logo que a tempestade de areia cessou, o rapaz pensou estar a salvo. Contudo, seu pesadelo estava apenas começando. Quando olhou ao redor, percebeu que tudo parecia mais antigo. Os carros ao seu redor continuavam lá, mas estavam arruinados, aparentemente por falta de uso. Algumas mesas estavam quebradas e o próprio banco em que ele estava sentado, estava em parte quebrado.
Tudo isso aconteceu por causa da tempestade de areia?”, perguntou a si mesmo. Não obteve resposta. Levantou e chamou por alguém. Ninguém o respondeu. Chegou próximo a um dos carros que estava no estacionamento, que há dez minutos parecia ter acabado de sair da fábrica e percebeu um detalhe curioso: a placa estava enferrujada. Seria mesmo possível? Não estaria ele ficando louco? Sonhando? Olhou para a pequena muda que estava no canteiro ao seu lado e não a encontrou. Em seu lugar havia uma árvore que já dava seus frutos. Sim! Por mais que estivesse louco, ou sonhando, ou mesmo que tudo fosse real, só uma explicação tomava conta da mente dele: o tempo havia passado!
Uma mistura de terror e incompreensão dominou o garoto por completo. Como isso seria possível? Não! Aquilo não era um sonho! Pensou em quanto tempo era necessário para que uma muda de árvore se tornasse adulta e produtora de frutos. A única conclusão que chegou é que seriam necessários, no mínimo, anos. Se é que aqueles são seus primeiros frutos. Poderiam ser décadas. Olhou então para ele mesmo. Sua roupa e seu corpo não demonstravam sinais de envelhecimento. Estava exatamente igual. Parecia ser a única peça que sobrava naquele quebra-cabeça. Nada fazia sentido.
Tentou gritar por alguém uma vez mais. A resposta foi a mesma.
Apesar da sensação de pavor que o consumia, não podia negar que outro sentimento passava pela sua cabeça, pelo seu peito, por cada molécula de seu corpo, como se estivesse diluído em seu sangue e estivesse sendo levado para cada célula sua. Era impossível, naquela calmaria, não se sentir em paz. “Estou morto!”. Foi o segundo pensamento que veio a sua mente. Era, até agora, a melhor explicação que tinha encontrado. Só podia ser aquilo. A sensação de pavor deveria ser natural, e a calmaria deveria ser uma recompensa. Ficava cada vez mais calmo, tentando se acostumar com a ideia. Não precisaria mais se preocupar com escola, provas, desilusões amorosas, qualquer tipo de dor que a vida poderia causar. Talvez tivesse que descobrir agora o que a morte poderia lhe dar. Estava feliz.


- Ei! Quem é você? – perguntou um velho homem vestido de branco, com uma longa barba branca e corpo frágil.
- Você é Deus? – indagou o jovem intrigado.
- Não! Sou um Guardião. Como você veio parar aqui? Quem é você? – Replicou o ancião.
- Eu morri! Quer dizer, eu acho que morri. Acho que o tempo passou rapidamente por aqui também. Há dez minutos tudo isto parecia normal. Agora tudo está tão... antigo. Mas me desculpe, o senhor disse guardião?
- Sim. Sou Guardião deste lugar.
- Eu estou morto, então?
- Pode ser que sim. Mas você me parece bem igual aos vivos!
- E onde estão os vivos? Parece que todos se foram... Há quanto tempo você guarda este lugar?
- Há quanto tempo? “Tempo”... O tempo é uma invenção humana. Eu, assim como os outros guardiões, sou atemporal. O meu lugar também é atemporal.
- Este lugar é atemporal? – Tentava entender o jovem.
- Sim. Talvez seja por isso que você está tão confuso.
- Como assim?
- Sobre tudo parecer pertencer ao passado aqui. Mas você acha que o tempo passou, ou seja, você estaria no futuro. Mas estando vivo ou morto, você está nesse exato momento conversando comigo, o que você poderia chamar de presente. – O rapaz tentava acompanhar o raciocínio do Guardião com atenção. – Para mim não há problemas com o local. Não importa quantas vezes ele mude. Sou seu guardião independente do tempo. Para vocês, o lugar muda com o passar do tempo, pois vocês vêem o lugar pelo que nele existe de material, não pelo que ele é. Eu não cometo este equívoco. Nem poderia.
- Acho que entendo. Mas porque então...
- Shiii. – O ancião fez sinal para o jovem calar-se.
- O que foi?
- Invasores!
- Como assim? Outras pessoas?
- Sim! Elas não são bem vindas no meu lugar.
- Por que não?
- Porque posso vê-las como vejo meu lugar. Não pelo que elas têm. Mas pelo que são. Os Guardiões podem sentir e ver a essência das coisas.
- E eu sou bem vindo?
- Se não fosse, pode apostar que esse encontro nunca teria acontecido.

O Guardião não falou mais nada, apenas juntou as mãos e fechou os olhos. O jovem sentiu-se empurrado por alguma força invisível e afastou-se do velho homem. As folhas secas no chão começaram a fazer movimentos em círculos, como se estivessem em ressonância com o Guardião e então ele abriu seus braços. Começou a falar uma língua que o garoto nunca tinha ouvido antes, e o medo começou a fazer-se presente no peito do jovem. “Não tenha medo”. O Garoto não soube dizer se o que ouviu dentro de sua mente veio de dentro dele próprio ou se era o Guardião, mas independente disso a frase o ajudou a acalmar-se.
Aos poucos, as folhas e a areia que faziam um redemoinho em volta do ancião foram parando e se dispersando. O velho abriu os olhos e o garoto pôde ver que suas pupilas não estavam mais no centro de seus olhos. Tudo que havia era os dois glóbulos oculares totalmente brancos.


- Eles se foram! – Falou o Guardião.
- Seus olhos...
- Ah sim... – falou o velho como se agora que estivesse se lembrando de algo. – Melhorou?
- Um bocado. – Respondeu o garoto depois de ver as pupilas novamente em seus locais de origem. – Como o senhor fez isso?
- Na verdade, estou nesta forma para que possamos conversar. Eu não sou assim. Apenas me apresentei a você assim. Mas não é normal você estar aqui. Vendo o que está vendo. Você deve ser diferente dos outros!
- Então há chances de que eu ainda possa estar vivo?
- Creio que sim. Não entendo como você veio nem como pode enxergar essa atemporalidade. Você deveria estar preso a seu tempo. Nenhum humano pode viajar através dos tempos. O que você tem de especial?
- Eu não sei... – disse o jovem sentindo-se envergonhado. Recebera um elogio, ao menos assim ele encarou a frase do Guardião.
- E isso que tem na mão?
- Ah... Estava lendo um livro quando tudo aconteceu. Primeiro o vento começou a ficar mais forte, depois veio a tempestade de areia e quando abri os olhos, estava aqui!

O Guardião fez cara de surpreso e de quem estava começando a entender tudo. Ficou surpreso na verdade que o garoto ainda não tinha entendido o que estava acontecendo.

- Preciso ir.
- Como assim? E eu, como fico?
- Eu preciso guardar o meu lugar.
- Você não pode fazer nada por mim? – Perguntou o jovem preocupado.
- Talvez. Sente-se! – Ordenou o guardião. O jovem buscou o banco que estava sentado quando a tempestade de areia começou e sentou-se. – Agora feche os olhos.

O garoto obedeceu ao comando e novamente começou a sentir uma paz de espírito imensa, que nunca saberia explicar com palavras. Como se tudo pudesse terminar naquele momento que ele estaria feliz pelo resto da eternidade. Mas “eternidade” não existe para quem crê no tempo. Sem mais nem menos, algo que tocou suas pernas fez com que ele abrisse os olhos repentinamente, como se uma descarga elétrica super potente tivesse atingido seu peito e feito seu coração voltar a pulsar. Era apenas um gato. O jovem olhou a sua volta e viu que havia pessoas passando. Havia barulho de animais. Havia criança chorando. O dono do carro novinho em folha estava dando marcha ré para sair do estacionamento. O mundo voltara ao normal. A pracinha era no caminho da escola, e um amigo do jovem apareceu.

- Está perdido por aqui? – perguntou o garoto aproximando-se do que estava sentado no banco.
- Ah, oi Ruan! – disse o jovem confuso.
- Está tudo bem com você?
- Está, está! Você ta indo pra escola?
- Sim! Já estamos em cima da hora, você não vem?
- Vou sim, cara! Vamos pra não nos atrasarmos! Me deixa só arrumar aqui minha mochila. – Disse o jovem pegando sua mochila que estava atrás do banco, e ainda com cara de quem não estava entendendo nada, folheou o livro que estava lendo e viu que a última página, somente ela, estava amarelada. O livro era novo, mas aquela página parecia ter umas décadas de existência. Guardou o livro na mochila e virou-se para seu amigo.
- Pronto? Vamos? – perguntou o amigo.
- Vamos sim! – Disse o jovem sorrindo e acrescentou: – Você gosta de ler, Ruan?
- Na verdade não muito. – Falou com sinceridade.
- Eu acabei de ler um livro ótimo agora. Se você prometer ler eu te empresto.
- Ah, tudo bem!
- Na escola eu te dou então.
- Você gosta muito de ler, não?
- Gosto sim. E este é meu lugar preferido para ler. Qualquer dia podemos vir juntos para cá, traremos bons livros e passaremos a tarde por aqui. Para mim é como se a leitura te levasse a outros mundos.
- Não tenho nada contra a Terra! – Disse Ruan e os dois riram juntos.


Os dois caminharam pelas sombras das árvores em direção à escola e enquanto riam as folhas e a areia do local dançavam em círculos no lugar que eles estavam, como se estivessem em ressonância com seus espíritos. A pracinha terminou sendo um lugar que eles usariam por anos para uma boa leitura. Nunca entenderam muito bem o porquê de se sentirem tão bem vindos naquele local.
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Escrito em 09 e 10 de abril de 2009

domingo, 8 de agosto de 2010

SENSAÇÃO

O que se passa na cabeça de um senhor de 80 anos?
Que belo baú de memórias...
Triste? Nostálgico? Alegre? Intacto?
Cheio de antigas incertezas,
ou melhor,
certezas agora.
Algumas dúvidas respondidas:
Que profissão seguir;
Se acharia o amor de sua vida;
Filhos?
Tudo maravilhosamente respondido.
Que inveja!
Sabe já se seus antigos sonhos foram ou não realizados.
Sabe se as amizades persistiram
ao tempo.
Sabe quem se foi antes da hora,
mesmo aqueles que não se deu tempo
de deixar com palavras carinhosas.
Sabe o final da poesia ainda inacabada,
Bem como os números da loteria premiada que não jogou.
Sabe de quase tudo, e não pode mudar quase nada...
Se soubesse antes, seria Deus.
Mas ninguém sabe.
Braços dados com a intuição,
com a sorte
e oportunidades
Para que quando soubermos das respostas,
aceitemos com
Sabedoria
o rumo final de nossas escolhas.
Texto escrito em 29.06.2010