BASTA UM CISNE NEGRO...

Caros leitores,

Há algum tempo venho notando a falta de fé das pessoas para com as outras. Tenho me deparado com situações constrangedoras que suponho só ser possível por causa do nível absurdo de corrupção do país e da falta dos bons exemplos. Ora, pensem comigo: Se você está em uma rua totalmente suja, onde as pessoas, muitas delas, atiram seus papéis amassados, plásticos, embrulhos, palitos de picolé, dentre outros, ao chão, e você se depara com aquele papelzinho de bala em suas mãos. Olha então para o lado, sem lixeira. Tenta o outro, nada! Bem... como a rua já está suja mesmo, e como todos estão jogando tudo por ali, você arremessa o seu inofensivo papelzinho de bala. Aí entra a minha (talvez controversa) opinião: você é tão porco quanto todos eles!

Ora, se der a louca no povo e todo mundo resolver saquear uma loja de eletrodomésticos e você está passando por perto, vai saquear também? Vai pegar uma televisãozinha de plasma pra levar pra casa? E se alguém te oferece um Porshe bem baratinho... um carro roubado, você vai comprar mesmo sabendo que o carro não pertence a quem está te vendendo?

Consigo imaginar que você pode estar pensando: ahhh aí é diferente... E eu te pergunto: É diferente? Tem certeza? Quer dizer que há níveis de corrupção? Aquele que leva para casa uma caneta do seu local de trabalho do serviço público, não é tão corrupto quanto aquele que desvia milhões para sua conta? Tenho uma teoria: quem rouba R$10,00, rouba R$10.000 e também R$10.000.000.

Acontece que nos últimos tempos, venho tendo conversas com pessoas queridas que não compartilham tanto de minha opinião. Já ouvi coisas como: “Qualquer um que tiver oportunidade, irá roubar!” E isso me corrói por dentro! Ora, minha primeira reação é de raiva: “Êpaaa! ‘Qualquer um’ vírgula... fale por você e não por mim!” Mas depois tento deixar pra lá, pois a única forma que vejo de convencê-los é sendo o exemplo!

Gostaria de esclarecer que tenho dois motivos fortíssimos para a minha defesa. O primeiro deles diz respeito ao meu Ofício de Professor. Eu sou um sonhador e acredito SIM que as pessoas podem modificar o mundo! Contudo, eu não tenho o direito de falar o que falo em sala de aula se eu não me colocar como exemplo para meus alunos! Eu sou um, para olhar para todos eles. Todos os dias, eles são mais de 200 para olhar para mim! Muitos esperando algum deslize meu, para apontar e criticar! Se eu posso errar? Claro, sou humano, mas não devo, pois sou exemplo! E quando erro, devo ter a humildade de assumir meu erro, e ensinar que se pode aprender com esses erros.

Meu segundo motivo é ainda mais forte! Bem mais... Eu defendo tanto minha integridade, o meu não fazer parte das esferas de corrupção do país (por menor que seja a escala), pois acredito piamente no Espiritual. Antes de tudo, acredito que já tinha (e reforcei) incorporado atributos como “integridade”, “princípios” e “ética” ao meu caráter, além disso, eu creio em algo Maior! Eu creio que minhas atitudes aqui, de alguma forma irão repercutir em outra esfera que, no momento, me está inacessível! Não aceito (ou aceitarei) propina, porque esse dinheiro não é meu! D. Pedro II, quando da época do Golpe republicano, foi expulso e exilado do Brasil. Os militares que fizeram o Golpe, ofereceram um carregamento de ouro a ele para que carregasse junto com ele para Portugal (uma espécie de indenização). Ele rejeitou o ouro, por saber que era proveniente dos cofres públicos e pediu apenas um punhado de terra do Brasil, e foi atendido!

Eu acredito que muitas pessoas, inclusive boas pessoas, podem se corromper quando chegar ao poder. Pode fazer parte dos esquemas e “mensalões” da vida. Contudo, a meu ver, pessoas sem grandeza de Espírito! Pessoas que não crêem verdadeiramente num por vir. E não as condeno, apenas lamento por elas, e torço para que entendam e dêem um voto de confiança a mim!

Gostaria de fechar esta postagem, dizendo que não sou perfeito nem tenho a pretensão de sê-lo. Mas tenho muito orgulho de quem eu sou e do caráter que em mim está firmado e acredito estar consolidado! O que não é meu, não me pertence, e ainda que quase todas as pessoas continuem a sujar as ruas... ainda que seja quase impossível andar pelas calçadas, de tão imundas que estejam... meu papelzinho de bala ficará no meu bolso até eu chegar em casa. Lá, arrumarei um lixo para ele.

Como diz o meu Amigo e Mentor, o caro Professor Spencer:

"Basta um Cisne Negro, para cair por terra a teoria de que todos os cisnes são brancos!”