Caros leitores,
Este Blog tem a grande oportunidade de receber para uma entrevista o cantor Rodrigo Rossi.
Rodrigo é do Rio de Janeiro e está se tornando cada vez mais conhecido com sua banda R² e com suas músicas do universo Otaku (mundo dos animes e quadrinhos japoneses). Atualmente é o intérprete de algumas músicas principais de Dragon Ball Z Kai e Os Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas. Vamos então à entrevista!
→ Sensei Que Nada Sei: Antes de mais nada, agradeço a disponibilidade da entrevista. Acompanhando algumas notícias sobre você, seus tweets e outra redes sociais, percebi que o tempo anda curto em seu dia a dia.
→ Rodrigo Rossi: Ah que nada, a gente encontra um tempinho sempre. No momento eu estou de molho em casa porque estou meio doente, então perfeito!
→ SQNS: Você já é bastante conhecido do público Otaku (fãs de animes e mangás) de todo o Brasil. Mas para quem não o conhece ainda, quem é Rodrigo Rossi?
→ RR: Eu sou um cara simples que às vezes sonha um pouco alto, mas que por enquanto tem conseguido chegar cada vez mais perto do objetivo.
→ SQNS: Feita as apresentações, por favor nos diga: quando você definitivamente percebeu que a Música estava irremediavelmente ligada à sua vida?
→RR: Eu tinha uns 12 anos quando resolvi começar a estudar canto. Acho que quando eu comecei a sofrer com a resistência dos meus pais em relação ao que eu fazia (tocar com uma banda na noite, nem sempre em lugares muito “família”) que eu percebi que, se precisasse parar de fazer aquilo, eu não seria a mesma pessoa.
→ SQNS: O que você tem a dizer para aqueles que acham que ver anime é coisa de criança? Você ainda acompanha algum? Se vê com 50 anos vendo anime com seus filhos?
→RR: Então, recentemente eu tentei acompanhar o que a Marvel Anime lançou, mas só consegui terminar a série dos X-Men. As outras larguei pela metade. Mas confesso que não, no momento não tenho acompanhado nada. Acho que quando meus filhos estiverem por aqui eu vou tentar ser sempre presente, aproveitar o máximo que eu puder e já que eu tenho essa ligação forte com os animes, porque não? Seria muito legal passar meu tempo livre assistindo Animes e MMA na TV com meus filhos. E se você acha que animes são para crianças exclusivamente, eu proponho assistir Akira, Genocyber e Death Note. Boa sorte respondendo às perguntas do seu filho.
→SQNS: Nos dias 09 e 10 de julho você veio à Natal como convidado especial da terceira edição do evento de cultura japonesa YUJÔ Fest. Como foi participar deste evento? Consegue destacar algo de diferente no público de Natal?
→ RR: Natal foi inacreditável. Eu sabia que o público do nordeste era quente e animado, mas não esperava tanto. Todos muito apaixonados, muita energia positiva. O show foi muito legal, o evento todo foi muito legal. Deu tudo certo em todos os sentidos e eu estou muito feliz com todas as mensagens que recebo no twitter pedindo pra repetirmos a dose. Quem sabe não podemos repetir mesmo? Obrigado Natal!
→ SQNS: Você já disse em outras entrevistas que é fã de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, por exempo. Chegou mesmo a tatuar em um dos braços algo relacionado a este último anime. Do que se trata sua tatuagem, e o que ela significa pra você?
→ RR: Quando eu decidi que faria uma tattoo em homenagem ao meu signo, eu me lembrei de alguns elementos de Cavaleiros que fariam a composição ficar mais legal. E acabei achando um meio termo sem ser tão explícito. Busquei o avatar de aquário que aparece atrás do Camus durante a “Execução Aurora”, assim como as suas duas mãos fechadas e em punho. Ainda adicionei a constelação de aquário, o planeta regente (urano) e o símbolo zodiacal em uma moeda de ouro saindo de uma faixa de gelo que cerca o meu braço, fazendo analogia à armadura escondida na geleira no início da série. Nessa geleira ainda coloquei algumas runas nórdicas que formam a palavra “Intuition”, que é uma característica forte dos aquarianos, e as palavras “Aquarius Saint”. Gosto muito dessa tattoo, acho que nunca vou enjoar dela.
→ SQNS: Se tivesse que fazer outra tatuagem temática, sobre qual anime você faria, e por quê?
→ RR: Eu já tenho várias prontas, só me falta tempo pra tatuar. Meu tatuador é o Pedro Pablo (www.pptatuagem.com), não faço mais com ninguém. E ele se mudou para Nova Friburgo, Rio de Janeiro, o que significa que eu tenho que fazer uma viagem e passar uns dois dias tatuando lá com ele. Já fizemos isso antes e faremos de novo, é só a vida permitir. Agora, as artes e idéias eu só conto depois que fizer.
→ SQNS: A versão em português das músicas de Dragon Ball Z Kai e dos Cavaleiros do Zodíaco – The Lost Canvas são cantadas por você. Que cuidados você tem para que elas agradem ao máximo o exigente público Otaku? Você teve participação na adaptação das letras para o nosso idioma?
→ RR: Sim, as letras foram todas escritas por mim, mas eu não fiz nada sozinho. Contei com a ajuda do Pedro Almeida e Pedro Henrique Nunes, que são amigos de longa data a fãs das séries tanto quanto eu, além do meu brother Walter Tormin Neto do www.cavzodiaco.com.br que ajudou muito também. Foi um trabalho de equipe. A intenção ao juntar todas as versões e idéias que eles me mandaram era sempre me aproximar da idéia original, sem necessáriamente me prender à palavras. Tem gente que acha que a tradução tem que ser literal. Não funcionaria. O que é traduzido é a mensagem, a essência. Acho que o público gosta quando identifica os elementos da série e/ou da música na letra ao ouvir a versão nacional. Eu acho que um cuidado importante é encontrar o “tom” certo (sem conotações musicais, somente literárias) para aquela música: ela não pode ser boba demais ou infantil demais, mas ao mesmo tempo não pode ser muito complexa ou rebuscada a ponto de esconder muito a mensagem. Em ambas as séries corre-se o risco de se perder em um desses lados. Cavaleiros é uma tragédia grega clássica, traz o conflito entre homens e deuses, o sacrifício, a superação do herói, o questionamento sobre a vontade dos deuses e a vontade dos homens e quem estaria correto, etc. É uma tragédia grega com todos os elementos. Eu não podia complicar demais e deixar o conteúdo muito pesado. Com Dragon Ball já foi o oposto, a história é mais simples e as músicas puxam mais pro lado infantil. Quando vi as referências em espanhol achei certas coisas muito exageradas nesse sentido e resolvi me concentrar na vontade que os personagens têm de se superar, se tornarem mais fortes porque a necessidade se apresenta assim em uma questão de vida ou morte(s). Acho que isso é muito forte e impactante e me serviu bem.
→ SQNS: Deixando um pouco de lado agora o mundo fantástico dos animes, você também tem uma banda chamada R². É um projeto que vem de longa data? Conte um pouco mais sobre a banda.
→ RR: A R² é algo que norteia minha vida nos últimos anos. Eu vejo como um projeto do coração mesmo. Começou despretensiosamente e agora tomou uma proporção legal, com músicos que eu não poderia nem sonhar. Começou com um garoto tocando violão no quarto e hoje somos uma equipe profissional, onde praticamente todos vivem disso e estamos cada vez crescendo mais. A cada dia que passa aparecem novas oportunidades e novos horizontes. É uma banda de rock sem rótulos, flertamos com absolutamente todas as vertentes, mas sem perder a identidade, e eu gostei muito disso no fim das contas. Eu estou novamente trabalhando com um grande irmão chamado Davis Ramay, que depois de ser disputado à tapas por gente de fora do país acabou por pedir pra participar do projeto e foi uma adição imensa; Garry King na bateria, que é um cara mais experiente do que nós, já tem muita estrada e muita bagagem, e claro muita coisa pra nos ensinar. Também foi um cara que gostou tanto do projeto que pediu pra participar da maneira que fosse. Nós temos muito orgulho disso. Sandro Rossi na guitarra que traz uma vertente mais “escolada” pras músicas, já que ele é formado em um conservatório e têm esse conhecimento teórico mais presente do que o resto de nós; E finalmente o baixista Diego Padilha, que é o melhor baixista do Rio, um excelente fotógrafo e o cara que faz a noite quando não estamos trabalhando. Eu me sinto muito sortudo de ter um cara como ele participando de qualquer coisa que eu esteja envolvido. Isso ainda sem contar com o pessoal da produção, como Sérgio Sanchez, que produziu e gravou todas as baterias do àlbum e é nosso produtor oficial, e recentemente Felipe Barcelos, nosso tour manager e sexto membro. Aí ainda temos mais o pessoal do escritório, representação da Europa, etc. Em suma, fizemos uma banda e ela está crescendo e nos permitindo viver fazendo o que amamos fazer ao lado de pessoas que admiramos.
Banda R² - http://www.rodrigorossi.com/
→ SQNS: Agora vou complicar sua situação... hehehehe Se a banda R² ganhasse um destaque gigantesco na mídia e transformasse todos os integrantes em super stars. Você ainda encontraria tempo para seguir com o gosto de cantar animes? (Não vou pedir pra que você escolhesse entre um dos dois, fique tranquilo, xD)
→RR: Graças a Deus a cada dia que passa nós damos um passo à frente. Eu acho que os animes sempre farão parte da minha vida. Eu amo essas músicas, não me canso de falar isso. Acho que existem fãs das séries ao redor do mundo e onde quer que nós pisemos, isso é usado como algo que nos aproxima. Eu me sinto muito orgulhoso de fazer parte desse universo e enquanto tiver a oportunidade de trabalhar com isso, eu pretendo continuar sim. É claro que às vezes o tempo não permite, afinal de contas eu vivo de música e tenho contas a pagar... ehehe então por vezes temos que fazer escolhas que não nos permitem o maior divertimento naquele momento.
→ SQNS: Falando em fama, aparentemente você tem uma cabeça super no lugar! O que é fama pra você? Se sente alguém famoso?
→ RR: Eu acho esse conceito de “fama” como temos hoje muito superficial. E eu não gosto de pensar que “sou famoso” ou que “tenho fãs” porque eu me sinto um pouco arrogante, prepontente. Eu prefiro pensar nisso como reconhecimento de todo o trabalho, estudo e sacrifício que eu fiz até hoje pra chegar onde eu cheguei. O reconhecimento das pessoas é uma consequência desse esforço, mas se esse for o único motivo pra você correr atrás do que quer, vale mais a pena mandar aquela filmagem esperta pra Rede Globo e torcer pra ser escolhido pro BBB. Todos os dias nós todos matamos um leão cada um pra continuar seguindo em frente. Enche meu coração saber que as pessoas reconhecem isso, e eu ganho muitos amigos nesse processo! Porque essas pessoas nos permitem seguir em frente, além de nos dar esse ânimo que serve de combustível! Então é por isso que eu faço questão de dar atenção a todos e agradeço muito sempre! Mas não, não me sinto famoso, só sinto que meu trabalho me permite conhecer pessoas novas e fazer novos amigos todos os dias.
→ SQNS: Agora para finalizar, aquele velho “Bate-Bola, Jogo-Rápido”
Um sonho realizado: Viver de música.
Um sonho a realizar: Continuar vivendo de música e garantir a melhor condição de vida para minha família através do meu trabalho.
Um anime: Cavaleiros do Zodíaco
Uma música: Mr. Big – Shine
(Assista o Rodrigo Rossi cantando e tocando a música Shine no evento YUJÔ Fest III, dia 10 de julho no Praia Mar Hotel, em Ponta Negra: http://www.youtube.com/watch?v=Co0FXQra6lk )
Uma banda nacional: Syren
Uma banda internacional: Iron Maiden
Um filme: Ensaio Sobre a Cegueira
Um livro: Universo em um Átomo: O Encontro da Ciência com a Espiritualidade – Dalai Lama
Brasil: Muito potencial, mas um povo que se deixa ser “liderado” por pessoas ruins, individualistas e mal intencionadas sem levantar um dedo para mudar a situação. Enquanto não lutarmos de verdade para exigir seriedade e descência, o Brasil vai continuar sendo o que é.
Política: Um jogo criado por intelectuais para mascarar segundas intenções de um povo mantido ignorante propositalmente, mesmo que todos saibam claramente o conceito de “certo e errado” em seus âmagos.
Fãs: Amigos e pessoas a quem eu devo a oportunidade de continuar trabalhando com o que eu amo.
Uma pessoa: Minha mulher.
Um destino: Se estiver falando no sentido figurado, realizar meus sonhos e sonhar com outras coisas depois. Se for no sentido geográfico, Búzios.
Sorte: Ser teimoso o suficiente pra não desistir do que eu quero, não importa quantos obstáculos me interponham.
Azar: Ficar doente como estou agora, rouco, quase sem voz e de molho em casa sem poder nem ao menos estudar.
Dom: Enxergar o mundo de maneira ligeiramente diferente do que a maioria das pessoas.
Técnica: Vocal (rs). Existe para ajudar o cantor a executar melhor a música que ele já escuta em sua mente e coração.
Um lema: Viver para ser feliz e, me estendendo, ser feliz causando o bem ao próximo. Aprendi isso com meu Pai.
R²: Um sonho se tornando realidade, fruto de muito esforço meu e de pessoas que acreditaram no meu trabalho.
Rodrigo Rossi: As vezes um velho ranzinza, as vezes um menino bobalhão. No fim do dia eu só quero cantar.
BÔNUS:
Assista ao Rodrigo cantando a música tema da abertura dos Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas no show do YUJÔ Fest III: http://www.youtube.com/watch?v=lXedflc2R9I
Reportagem sobre o dia do Rock (13 de julho) exibida pelo programa RJ no ar (Rede Record) que mostra duas bandas, uma delas a R²:
________________
Fim da Entrevista!
Só tenho a agradecer a boa vontade do meu Xará Rodrigo em conceder essa entrevista. Nos conhecemos no evento do YUJÔ Fest III e desde o seu show final que tornei-me admirador de seu trabalho. Ele possui algo que admiro em qualquer profissional que possua essa qualidade: trabalha com o que AMA. Só quem faz isso sabe como é bom! Desejo muito sucesso e que a colheita dos frutos de seu trabalho duro esteja apenas no início. Um abraço e até uma próxima!
Azar: Ficar doente como estou agora, rouco, quase sem voz, de molho em casa sem poder nem ao menos estudar e fazer parte dessa entrevista... kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirGente é só brincadeira!!
Entrevista super descontraida, vale apena ver do início ao fim.
Abraços
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk Miguel seu "calhorda" kkkkkkkkkkkkkkkk Show de bola viu, gostei mesmo!!! hehehehhe
ResponderExcluir