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quarta-feira, 30 de abril de 2014

O QUE VALE A PENA?


Caros amigos, como estão?

Hoje uma breve reflexão sobre o que vale a pena na vida em relação aos sentimentos guardados. Muitas vezes pessoas nos magoam de diversas maneiras, e em alguns casos, levamos essa mágoa por muito tempo. Segundo certo autor, "perdoar sai mais barato emocionalmente". É provável que ele tenha razão.

Um dia li um poema de Florbela Espanca, que me chamou a atenção. Seu poema era uma espécie de resposta a um antigo amor que lhe tinha feito mal. A atitude digna transfigurada em palavras no poema, mostra o quão grande podemos ser, se assim o quisermos. Não é fácil, com toda certeza! Mas às vezes pode ser a melhor das opções.

Este poema é a reflexão dessa semana. Leiam e sintam!

Ódio?

Ódio por Ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto,

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Com um soturno e enorme Campo Santo!

Nunca mais o amar já é o bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda!
Ódio por Ele? Não... não vale a pena.

terça-feira, 22 de abril de 2014

ENTRE CARTAS E E-MAILS...


É incrível como as coisas se tornam obsoletas com tanta rapidez nos dias de hoje...

Desde que a História começou, as cartas foram (e ainda são), instrumentos importantes de comunicação. Já foram declarações de amor, intimações de Justiça, convocações para guerras ou simplesmente mensagens em garrafas para anônimos de outras épocas.

O tempo foi passando, e com a evolução da tecnologia, as cartas comuns foram sendo substituídas pelos e-mails. Sou da época (pareço um velho falando) em que os e-mails armazenavam uma capacidade bem pequena e que mandar um e-mail para um amigo era o que havia de mais moderno. Dizer aos outros que você tinha criado um e-mail então, parecia mostrar que você estava no topo da tecnologia.

Pois é...

Quem poderia imaginar que a vida útil do e-mail se tornaria tão curta? Será que ele veio pra ficar?

É claro que eu estou escrevendo sobre isso sem nenhuma base de pesquisa realizada. Estou escrevendo de acordo com minha própria experiência. Eu costumava receber muitos e-mails de amigos, ao invés das famosas cartas. Todavia, a quase totalidade dos e-mails recebidos hoje são ligados à propagandas, vendas de produtos e trabalho. Receber um e-mail de um amigo contando como está sua nova morada na outra cidade, ou sua experiência fora do país, ou mesmo uma simples mensagem pessoal, está cada vez mais difícil. Dá até para comparar com o recebimento de cartas...

Como se já não bastasse o caráter formal do e-mail, não podermos lembrar a letra daquela pessoa, a cor da caneta usada, os adesivos que por ventura sejam colocados para enfeitar a carta... agora não recebemos nem mais e-mails...

Em terra de WhatsApp (para citar um exemplo), a velocidade da informação é assustadora. Chats de Redes Sociais também são substitutos dos e-mails, que já eram os substitutos oficiais das cartas.

O homem vai perdendo assim a capacidade de se surpreender com as inovações e, ao mesmo tempo, aprimorando suas habilidades de se esquecer do que antes lhe era tão útil.

Qualquer dia desses, enviarei uma carta só por enviar...

sábado, 12 de abril de 2014

ELEVE-SE, MEU COSMO! [Uma homenagem merecida]


Caros leitores, saudações!

Esta postagem é muito bacana! Principalmente para os fãs de Cavaleiros do Zodíaco (desenho japonês que estourou no mundo inteiro e no Brasil na década de 1990). 

Creio que quase todo garoto nascido na década de 1980, acompanhou a história de Masami Kurumada. Os Cavaleiros do Zodíaco foram um fenômeno mundial e de sucesso pouco visto semelhante no Brasil. Foi simplesmente uma febre que tomou a garotada da década de 1990 e que repercute até hoje, seja com novos lançamentos de material diverso, seja apenas com a nostalgia guardada a 7 Chaves no coração daquelas crianças, hoje adultos!

Pois bem...

Em 27 de fevereiro, saiu no G1 uma reportagem sobre um jovem que juntou uma grana para mandar fazer uma fantasia para o Carnaval de 2014. Esse jovem baiano, Ronei Silva, realizou o sonho dele e de muitos pelo mundo: Se tornou um Cavaleiro de Athena por um dia! O Cavaleiro escolhido por ele? Aldebaran de Touro (que por curiosidade, é brasileiro). Ronei, apesar de ter sido registrado no dia 19 de junho, nasceu um mês antes, 19 de maio, sendo, portanto, do signo de Touro. Daí sua admiração pelo Cavaleiro em questão. Ronei afirmou na entrevista que nunca teve nenhum boneco da série.

Os Cavaleiros são defensores da paz na Terra e que estão à serviço da deusa Athena. Com suas cosmo energia, eles são capazes de realizar feitos incríveis... E foi a partir de mais esse ensinamento que surgiu uma ideia: por que não unirmos os nossos cosmos e homenagear alguém que representou tão bem a paixão que muitos têm por esses jovens guerreiros?

Por um mês inteiro, num grupo de colecionadores de bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco, se discutiu como fazer a tal surpresa e homenagem. Entre muito bate papo, risadas e força de vontade,  provamos que ao elevar nossos Cosmos, tudo pode ser possível!

Sem ter muito mais o que falar, fiquem com o resumo de toda essa história com o vídeo abaixo!

Pra Sempre Saint Seiya!


segunda-feira, 7 de abril de 2014

O GUARDADOR DE REBANHOS

 

Desde minha adolescência, um poema de um dos heterônimos de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, me chamava/chama atenção... O longo texto poético do O Guardador de Rebanhos, me encanta por sua beleza extremamente religiosa e, ao mesmo tempo, herege. Faz-me pensar bastante e tentar viver, junto ao eu-lírico, o sentimento de estar a escrevê-lo. A parte do texto que mais gosto é a postagem da semana deste Blog.

Vez por outra releio o poema e sempre me pego com um sorriso no rosto. Apreciem!


O Guardador de Rebanhos - VIII

Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.



Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem




E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.



Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!



Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz



E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.



A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.



Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.



Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.



A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.



A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.



Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.



Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade



Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.



Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?