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domingo, 28 de outubro de 2012

APOCALIPSE ZUMBI HOJE

 O pior é que são muitos os mortos por dentro.

 É quase certeza que você, caro leitor, já ouviu falar no "Apocalipse Zumbi". Se você não está familiarizado com o termo, saiba que não é o apocalipse bíblico que estamos mais acostumados a ouvir. O Apocalipse Zumbi em questão, surgiu enquanto cenário hipotético da literatura apocalíptica, nos anos de 1960. Ao longo das décadas foi ganhando destaque e sendo divulgado nas formas de filmes, clipes, seriados de tv, histórias em quadrinhos, e de várias outras maneiras. Para exemplificar melhor o que seria o Apocalipse Zumbi, transcreverei um trecho do artigo referente a este tema na Wikipedia.

"Cultuado – e até mesmo aguardado – por muitas pessoas e com base na ficção científica e no terror, a expressão refere-se a uma infestação de zumbis em escala catastrófica, levando todas as sociedades ao colapso, e que rapidamente transformaria esta criatura no ser dominante sobre a Terra. Tais criaturas, hostis à vida humana, atacariam a civilização em proporções esmagadoras, impossíveis de serem controladas por forças militares, mesmo com os recursos atuais à disposição.
Em algumas hipóteses, vítimas de um ataque de zumbi também se transformariam nestas criaturas se sofressem uma mordida ou arranhão de um infectado. Em outras, o vírus pode ser transmitido pelo ar. Finalmente, existe ainda o quadro mais caótico: todo ser humano que morre, seja lá qual for a causa, torna-se um morto-vivo. Nestes cenários, os zumbis caçam seres humanos para se alimentar. A mordida deles causa a infecção que faz com que um sobrevivente de ataque, posteriormente, também se torne um zumbi. Isto logo se torna uma infestação absolutamente incontrolável, com o pânico causado pela 'Praga Zumbi' acarretando o rápido colapso do conceito de civilização como hoje a conhecemos. Em pouco tempo, a existência de vida humana no planeta seria reduzida a poucos grupos de sobreviventes – nômades ou isolados – buscando alimento, suprimentos e lugares seguros num mundo pré-industrial, pós-apocalíptico e devastado."
 Depois de muito bem dito, é hora de fazer as considerações.
Muitas são as histórias (literárias, de tv ou cinema) que, atualmente, circundam nossos meios de comunicação. Eu mesmo já fui a uma festa à fantasia de zumbi. É um cenário que desperta nossa imaginação, que nos faz pensar sobre o que faríamos se nós estivéssemos nessas condições, hoje hipotéticas. Mas . . . Será que é algo tão distante da nossa realidade assim?

 Não precisa ser um bom observador para, ao dar um passeio pela cidade, colégio, shopping ou vizinhança, você encontrar pessoas (geralmente jovens) imersos em seus próprios mundos. Fones de ouvido com o som elevado, para inibir qualquer comunicação mais fácil, jogos nos celulares ou mesmo a internet portátil de tão fácil acesso hoje. Na melhor das hipóteses, ele está com um livro (mas aí está perdoado, rsrs). O mais interessante, é que esse comportamento não é apenas quando estão rodeados de estranhos, mas mesmo quando se encontram com seus amigos. O fone de ouvido parece colado. O aparelho nem está funcionando, mas continua lá, em um vício absurdamente misturado à uma falta de educação. As conversas são encurtadas e os intervalos no colégio são mais solitários que os de outrora. A vontade de saber o que comentaram de sua nova foto em alguma rede social, facilmente supera o respeito para com as antigas autoridades os professores em sala de aula, e mesmo com as regras da escola, visto que desconheço alguma que permita o uso do celular no horário de aula.

 
A tecnologia, cada vez mais, facilita nossa vida, ao mesmo tempo em que não há um bom senso nem um curso para saber aproveitá-la. Esquecemos das pessoas ao nosso redor e mesmo das nossas obrigações, para passar umas horas nas redes sociais, ou mesmo atualizando um Blog como este. Não ligamos mais para nossos amigos, mandamos mensagens pelo Whats app; não conversamos mais pessoalmente, falamos rapidamente ao telefone ou sms.

Não combinamos um picnic ou reuniões, criamos grupos no facebook; não damos mais muitos abraços, estamos com pressa; não enviamos um lindo cartão de aniversário para os melhores amigos... criamos um virtual, sem custos adicionais. Por fim, não demonstramos nossos sentimentos, não choramos ao lado deles, não procuramos entendê-los, não nos disponibilizamos para ajudar (e quando o fazemos, é de forma tão superficial... mas ambos os lados fingem acreditar na veracidade daquela emoção). Pergunto-me se é tamanha a diferença de um apocalipse zumbi para os dias em que vivemos. Agimos como mortos-vivos e nem percebemos.

 Mortos-vivos.

 Vivos-mortos

Sempre achei que os mundos criados por pessoas criativas e colocados nas literaturas e outros meios, possuem sua proximidade com a realidade. Meu mundo é fantástico e quase sempre encontro relação entre ele e o imaginário. Poucas relações são tão fortes quanto esta. A de que vivemos o apocalipse zumbi há algum tempo, só que os humanos deste mundo terrivelmente real, não são mortos por fora, e sim por dentro.

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