A
vida é uma caixinha de surpresas. Às vezes nos acontecem coisas boas. Às vezes
nos acontecem coisas ruins. E a vida é tão louca, que às vezes nos acontecem
coisas que nos deixam muito felizes e tristes ao mesmo tempo.
A
vida é assim... um misterioso jogo de ganhos e perdas, de altos e baixos, de
sonhos e realidade! E o legal é que a gente tá "solto" no meio de
tudo isso. Horas sendo levado por caminhos interessantes, horas permanecendo
por mais tempo em outros locais, também interessantes, e assim vai nosso
barquinho à mercê do Senhor Vento. É bem verdade que nosso conhecimento sobre
os céus, os mares e a arte de velejar, pode fazer com que consigamos cada vez
mais dominar esse barquinho nosso.
Ser
Professor é uma das maiores dádivas que eu conquistei nesta, ainda incipiente,
vida! É um dos meus grandes orgulhos. Acho que meus olhos dizem isso. Por mais
que eu me chateie com algumas coisas, com algumas pessoas, tudo isso parece
pequeno diante de uma aula bem ministrada, de uma dúvida tirada, de um sorriso
de gratidão! Ahhh os sorrisos... Gosto
de tê-los sempre perto, gosto de dá-los e gosto de imaginar que o mundo real é
parecido com o mundo de uma sala de aula. Ambos são mágicos.
Voltando
ao meu barquinho...
Depois
de tanto me manter em um lindo Porto, uma linda terra, depois de tanto
aproveitar das riquezas dessa terra, contribuindo com ela também (espero que
com mesma intensidade), senti que os ventos começaram a mudar. Ahh, os
ventos...
Aquele
Porto que me foi tão seguro por cinco anos... que me recebeu quando ainda nem
entendia direito o que era a arte de velejar, estará sempre no meu coração como
lembranças 100% positivas. Aquele porto me fez crescer e acompanhar
crescimentos, me fez sorrir, me fez chorar (sempre... sempre de alegria);
aquele Porto me fez um marujo de verdade, dono de meu próprio barco; aquele
Porto exigiu que eu aprendesse através do erro. Sim... ele me foi tão generoso
que me deu a possibilidade de errar e aprender.
Outro
Porto talvez tivesse me desestimulado. Este não... no fundo, eu sempre soube
que ele estava me preparando para águas mais fortes, para ventos mais velozes e
até mesmo para tempestades. E arrisco dizer, que sem os aprendizados desse
Porto, eu poderia ter me afogado se tivesse me aventurado à outras águas antes
do tempo.
Mas
o tempo mudou...
As
condições do tempo pareceram favoráveis para aventurar-me, com meu barquinho,
em novas e desconhecidas águas. Mas sem o antigo Porto seguro... não tinha
como.
O
velejador que se acomoda e fica no primeiro porto que encontra, não se torna um
melhor navegante. O crescimento e o aprendizado estão intimamente ligados às
novas aventuras e às novas oportunidades de lançar-se ao mar. O que não
significa dizer que partir do Porto Seguro não seja doloroso... não traga
medo... não nos preencha de incertezas! E assim é a vida... e assim é o
vento... e assim é o navegante.
Crianças...
o vento mudou para meu barquinho. Ele mudou e mostrou-me que é hora, mesmo com
toda a dor em meu peito, de colocar novamente o meu barquinho na água. E esse
barquinho já não toca mais a terra do meu primeiro, e eternamente seguro, Porto
chamado CAdE.
Talvez
essa alegoria tenha sido para tentar explicar os sentimentos que passam em mim
agora... Se consegui fazê-los entender um pouco, fico feliz... Mas com certeza
ela não serviu para representar nem um quinto de tudo que eu gostaria que vocês
soubessem.
Torci
bastante para que eu pudesse dar essa notícia em sala de aula. Olhando para
vocês. Mas os ventos foram tão bruscos e o clima tornou-se tão favorável para o
barquinho zarpar, que ele zarpou sem a oportunidade de dizer: "Até
breve" olhando para aqueles que fazem desse Porto Seguro um local tão
inexplicavelmente belo.
Dói...
E vocês não sabem o quanto dói. Mas como eu disse no começo, é uma dor no peito
que se mistura a um sorriso no rosto, pois novas águas, novas pessoas, novos
ventos e novas rotas estão à minha frente para que eu possa desbravá-las.
É
claro que agora sou um desbravador mais experiente... e devo isso a todos que
passaram pelo CAdE em 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014... Muitos se tornaram
amigos pessoais. Tantos outros levaram parte de mim com eles, mas deixaram
partes lindas deles comigo. Um escambo com trocas equivalentes.
Tanto
há o que ser dito... Mas nada é tão importante quanto isso: Eu amo vocês! Não é
da boca pra fora. Não é no calor do momento. Não é resultado das lágrimas que
querem descer dos meus olhos agora... É algo muito maior que isso. Algo que eu
espero que vocês possam sentir um dia!
Por
favor... amem a escola de vocês! Eu repito... ela é inexplicavelmente linda!
Obrigado por terem deixado com que eu fizesse parte dela por tanto tempo.
Obrigado
especial a Kokinho, que disse em janeiro de 2009 para eu deixar meu currículo
em Parnamirim.
Obrigado
especial à Lúcia Melo, por tudo que me ensinou e por ter dito as palavras que
eu tanto queria ouvir, faltando dias para começar o ano letivo de 2009:
"Seja bem vindo ao CAdE!"
Obrigado
especial aos irmãos Henrique e Leonardo Lucena, o primeiro pela(s)
oportunidade(s) e confiança! O segundo por ser uma pessoa tão acessível e
batalhadora pela melhoria da Escola.
Obrigado
a todos os funcionários e funcionárias que participaram dessa aventura comigo.
Rárika e Alberi serão os ícones porta vozes desse obrigado!
Obrigado
aos Professores amigos que também deixaram seus barquinhos naquele lindo Porto
por um tempo... Dividimos momentos inesquecíveis! E não dá pra citar nenhum
para não correr o risco de ser injusto com algum.
Obrigado
ao Professor Spencer, que me ajudou a ser a pessoa que sou hoje.
Obrigado
ao amigo Ricardo, que me alertou de que os ventos estavam passíveis de
mudança... Sem ele, talvez, meu barquinho tivesse perdido essa chance de
conhecer novos mares. Além dos amigos que já estão em alto mar e que foram me
ajudando a enxergar novas rotas e caminhos (Yama, por exemplo).
E o
último obrigado, mas arrisco dizer que o mais importante de todos esses:
Obrigado a cada um dos alunos do CAdE! Sem vocês não haveria barquinho
nenhum... Sem vocês não haveria Porto Seguro... Sem vocês (e não tenho como não
lembrar também das turmas de 2009, que me fizeram entender que eu amo tudo
isso)... Não haveria Sensei.
Sim...
É o
fim de um Ato.
Mas
o espetáculo tem que continuar!